Ao estudar o Renascimento inglês, Pedro Rocha de Oliveira escancarou um fato extremamente atual: o de que a modernidade — que se confunde com o capitalismo, a acumulação primitiva e o progresso — é uma engrenagem que obrigatoriamente precisa de uma população periférica, externa ou interna, que é descartável, isto é, matável. O “populacho” está fora do acordo oligárquico que define uma democracia — que pertence aos experts, aos proprietários, os quais detêm o monopólio da racionalidade. Todas as nações do mundo fizeram isso, desde o início: Inglaterra, Estados Unidos, Alemanha, Itália etc. O Brasil também, claro, desde sempre, porque esse é o regime da Colônia, ou seja, o conjunto da população matável administrada de fora por uma metrópole. Depois, a metrópole é interiorizada, com os mesmos objetivos. Por isso é que até hoje se mata nos campos e nas periferias deste país, impunemente. Eis o denominador comum de todas as elites brasileiras, sejam de esquerda ou de direita: todas são progressistas, pois o progresso é isso. E quem não se adequa a essa realidade é considerado “obscurantista”, “medieval”, “atrasado”, “pré-moderno” etc. Para as pessoas que recebem essas alcunhas, o mundo “superior” do saber, da ciência, da administração pública não diz nada. O Estado é sempre visto como um inimigo do povo. O capitalismo, o progresso, a modernidade podem ser resumidos como uma guerra civil dos cidadãos contra os não cidadãos. A modernidade é o pressuposto de que existe um lado superi
Peso: | 0,535 kg |
Número de páginas: | 504 |
Ano de edição: | 2024 |
ISBN 10: | 6560080072 |
ISBN 13: | 9786560080072 |
Altura: | 21 |
Largura: | 14 |
Edição: | 1 |
Idioma : | Português |
Tipo de produto : | Livro |
Assuntos : | Filosofia |
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