A verdadeira performance é aquela da nossa espécie na Terra: o modo como provocamos sofrimento nos outros, o modo como aquecemos a atmosfera ou causamos o desaparecimento de outras espécies. Eu me cubro de nuvens para sentir o que a Terra sente. Conheci Cecilia Vicuña em 2004, quando performamos durante o lançamento da revista estadunidense Rattapallax, cuja edição publicava a antologia “Cities of Chance: an Anthology of New Poetry from Brazil and the United States”, que reuniu dezenas de poetas brasileiros e norte-americanos. O Teatro Paiol estava lotado e, após ter me apresentado, sentei-me na primeira fila para ver aquela poeta chilena-novaiorquina, com traços indígenas, que já havia lido em revistas. Cecília Vicuña iniciou a ação entoando um canto indígena, vocalizado de improviso, enquanto manuseava um pequeno galho de araucária, evocando, assim, os povos originários da Curitiba ancestral – Coré-Etuba. Fiquei extasiado com a sua performance, pois percebi que estava presenciando o que lera sobre o conceito “Precário”, inventado por Cecilia Vicuña e que atravessa o seu trabalho de poeta, artista visual e performer. A poesia de Cecilia Vicuña é um fenômeno que escapa à ideia grega de poema e se aproxima dos ritos indígenas, o que nos provoca o acesso a camadas de sentidos encobertas pelos significados históricos – colonialistas, elitistas e masculinizados – que pesam sobre as palavras. Cecilia Vicuña escava as palavras, desmonta-as e monta-as novamente, transformando-as
Peso: | 0,226 kg |
Número de páginas: | 144 |
Ano de edição: | 2024 |
ISBN 10: | 6555192143 |
ISBN 13: | 9786555192148 |
Altura: | 20 |
Largura: | 14 |
Comprimento: | 5 |
Edição: | 1 |
Idioma : | Português |
Tipo de produto : | Livro |
Assuntos : | Poesia e Poemas |
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